'Agora só tem um caminho: implementar', diz Marina Silva sobre ações contra mudança do clima

Ministra conversou com radialistas de várias regiões e debateu temas como investimentos ambientais e desafios para o Brasil na organização da COP30, em Belém (PA)

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A ministra Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), foi entrevistada por rádios de diversas regiões do país nesta quarta-feira, 19 de março, no Bom dia, Ministra. Durante o bate-papo, a titular destacou ações relacionadas à implementação de políticas climáticas e de combate ao desmatamento e incêndios e ressaltou a importância estratégica de sediar a Conferência da ONU para Mudança do Clima, a COP30, em novembro, em Belém (PA). 

“A gente tem uma grande oportunidade de ter novamente no Brasil uma das conferências mais importantes, porque ela nasceu no Brasil em 1992, na Eco 92, e é a primeira vez que a COP se realiza aqui. Ou seja, tem a conferência mãe, onde ela nasceu, e agora ela volta adulta, com 30 anos de idade”, ilustrou a ministra.

Marina ressaltou que o Brasil vai apresentar na COP30 resultados que reforçam a liderança do país na responsabilidade com o meio ambiente. Entre eles, o trabalho que resultou na queda do desmatamento na Amazônia e no Cerrado, a meta de redução de CO², além de investimentos para prevenção de desastres.

Dados do Inpe indicam que os alertas de desmatamento na Amazônia Legal atingiram o menor nível da série histórica para fevereiro, com redução de 64,26% em relação a fevereiro de 2024.

“Estamos chegando também com o Plano Clima, que são sete programas na parte de mitigação e 16 na parte de adaptação, e o Plano de Transformação Ecológica, liderado pelo Ministério da Fazenda, onde não só temos o plano, mas já buscamos recursos. Eu e o ministro Haddad fomos a Nova Iorque, fizemos um lançamento de títulos verdes e conseguimos R$ 10 bilhões para o Fundo Clima”, explicou a ministra.

Marina afirmou que esse é o momento de implementar decisões tomadas durante esses muitos anos de discussões no âmbito mundial. “São 33 anos debatendo. Agora só tem um caminho: implementar. É fim de combustível fóssil, de desmatamento, e isso precisa se refletir, porque quando você fala em fim do desmatamento, tem que entender que é um grande investimento. Temos metas para todos os setores da economia: transporte, energia, indústria, agricultura, desmatamento”, listou.

NDCs — Marina também ressaltou que as decisões mais importantes são tomadas antes da Conferência, em cada país. Marina afirmou que 20 nações já apresentaram a Contribuição Nacionalmente Determinada — NDC, na sigla em inglês. A atual NDC do Brasil inclui os objetivos de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 53% até 2030 e de zerar as emissões líquidas até 2050.

A ministra enfatizou que o país tem promovido o crescimento econômico com fomento à bioeconomia e o a financiamentos verdes. “Essas metas têm que estar alinhadas em não deixar a temperatura ultraar 1,5ºC. Isso não é só a defesa de redução por redução. Isso significa a oportunidade de um novo ciclo de prosperidade. É por isso que estamos apostando na bioindústria, na bioeconomia, na economia circular, na agricultura de baixo carbono e na nossa capacidade de produzir alimentos”, disse Marina.

FIM DO COMBUSTÍVEL FÓSSIL — A ministra Marina Silva também registrou a urgência de abandonar os combustíveis fósseis e a necessidade de investimentos para este fim. “O mapa do caminho para o fim do uso de combustível fóssil é uma necessidade inarredável da humanidade. É o uso de combustível fóssil que faz com que o clima tenha mudado com todos esses problemas que estamos enfrentando e depende, sim, de financiamento público de países ricos e financiamento privado”.