UFGD participa de Trilha de Inovação mobilizando 400 estudantes e professores indígenas

| O PROGRESSO


Equipe organizadora com o grupo que conquistou o primeiro lugar - Crédito: Divulgação

A Trilha de Inovação do Projeto Arandu Roky (Nascendo Ideias) reuniu cerca de 400 participantes, entre visitantes, estudantes e educadores indígenas, na Escola Municipal Indígena Tengatuí Marangatu, localizada na Aldeia Jaguapiru, em Dourados, na última sexta-feira (16).

 A ação integra as iniciativas do Ecossistema de Inovação de Dourados, do qual a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) é uma das instituições pioneiras, e teve como principal objetivo despertar o protagonismo juvenil por meio da inovação e do empreendedorismo.

 Durante a maratona, 12 grupos formados por estudantes das escolas Estadual Intercultural Indígena Guateka – Marçal de Souza e Municipal Indígena Tengatuí Marangatu foram desafiados a criar soluções criativas para garantir o o à água nas aldeias Jaguapiru e Bororó.

 Por meio da UFGD, o evento reafirma o papel da universidade pública como ponte entre os conhecimentos científico e tradicional e o desenvolvimento de soluções sustentáveis que partem das realidades e necessidades locais.

 Quem acompanhou os grupos desde o início das reflexões ficou emocionado com a evolução dos argumentos apresentados ao final do dia. Segundo a representante da UFGD no Ecossistema de Inovação, professora Jane Mendonça, da Faculdade de istração, Ciências Contábeis e Economia (FACE) foi muito gratificante ver os jovens tão envolvidos com as questões de desenvolvimento e buscando causar impacto social. “Hoje foi um dia muito intenso e superou nossas expectativas. Foi maravilhoso ver as 12 equipes apresentando ideias de solução, criadas por eles mesmos, a partir da realidade que estão vivenciando. Pode ser que as propostas pareçam simples aos nossos olhos, mas o grande ganho foi que eles pararam para refletir, analisar o problema e concluir que esse problema tem solução. Foi muito emocionante, realmente foi um dia de muitas realizações”, comemorou. 

Para a professora Vera Luci de Almeida, da Faculdade de istração, Ciências Contábeis e Economia (FACE/UFGD), a realização da Trilha de Inovação foi um exemplo claro do potencial transformador da união entre os diferentes atores do Ecossistema de Inovação de Dourados. “Quando todos trabalham juntos, é possível alcançar resultados muito positivos”, avaliou a docente, ao destacar a importância da colaboração entre instituições e lideranças locais. 

Vera Luci ressaltou ainda o papel estratégico da universidade na promoção da extensão universitária. “Em atividades como esta, a UFGD cumpre sua missão de levar o conhecimento para fora da sala de aula e contribuir efetivamente para a solução de problemas enfrentados pela comunidade”, afirmou.

Nos próximos meses, o Projeto Arandu Roky terá continuidade com ações específicas voltadas à inovação junto aos professores das escolas indígenas.  Busca por soluções

Entre as ideias apresentadas pelos grupos para a banca de avaliação, estavam a preservação das nascentes, a conscientização para uso da água, a criação de cisternas para aproveitamento da água das chuvas, a abertura de poços artesianos e a instalação de novos encanamentos para interligar os poços. Os três vencedores foram os grupos: 1º lugar – “GTK”, premiado com uma viagem para a Campus Party, Festival de Tecnologia, Ciência e Inovação, em Brasília; 2º lugar – “Ikuã”, premiado com caixas de som; e 3º lugar – “Reavivar Nascentes”, premiado com kits escolares.

Kleuber Amarilha, representante do grupo GTK, considerou a experiência desafiadora e muito positiva. “Não foi fácil, porque primeiro tivemos que pensar sobre o tema principal, definir o contexto e pensar como trazer uma solução para o problema da falta de água para dentro da comunidade. Buscamos embasamento e fomos conseguindo definir o que seria necessário. Depois fomos nos questionando como fazer isso acontecer e assim fomos criando uma solução para apresentar”, contou.

O diferencial do grupo Ikuã foi ter escolhido o teatro como formato para apresentação da sua ideia. “Nós escolhemos fazer uma peça para poder dizer pela arte o que acontece na minha vida e da vida de todos da comunidade. O que nós estamos ando, transformamos em teatro, ensaiamos e apresentamos aqui para mostrar a nossa história”, disse Cibele Morales. 

A mentora Denise Silva, CEO da BRUACA, explicou que os conhecimentos tradicionais podem ser aliados da inovação quando se compreende a inovação como uma solução encontrada para melhorar a vida das pessoas. “Com o conhecimento tradicional, nós podemos verificar muitas estratégias de se relacionar com o meio ambiente e em sociedade. No caso deste evento, o problema vivenciado é a falta de água. Às vezes, quem está lá na cidade não tem o conhecimento do território que a própria comunidade tem, ou das implicações culturais dentro do território para pensar qual seria o melhor caminho. Então, nesse ponto, o conhecimento tradicional aliado à inovação busca prioritariamente melhorar a qualidade de vida dessas pessoas, ou na visão indígena garantir o ‘bem viver’ para a população indígena”, explicou.

Nesta primeira etapa, a maratona contou com apoio da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia de MS (Fundect-MS), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) e do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul. 

De acordo com o secretário-executivo de Ciência, Tecnologia e Inovação da Semadesc, o evento exemplificou a aplicação prática de políticas públicas de inovação inclusiva. “O mapeamento e a consolidação dos ecossistemas de inovação fazem parte do tripé Ciência, Tecnologia e Inovação, um dos objetivos estratégicos do Planejamento do Governo do Estado. Projetos como este promovem inovação inclusiva ao abordar problemas reais das comunidades, como a falta de água nas aldeias de Dourados. A metodologia do Sebrae que foi aplicada permite criar tecnologias sociais que podem ser replicadas em outras comunidades. Com isso, promovemos o empoderamento da população, incentivando-a a buscar soluções para seus próprios desafios”, destacou.

A programação do evento foi realizada das 8h às 17h, formada pelos seguintes momentos: abertura cultural com o Grupo de Dança e Teatro VY’A, mostra de projetos do Ecossistema de Inovação de Dourados, formação dos grupos e desenvolvimento das ideias, rodízio com mentores ,apresentações finais das soluções levantadas, avaliação e premiação das melhores propostas.



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