Saude
Médica do HU-UFGD e outros especialistas da rede Ebserh apontam sinais de alarme quando o assunto é dor de cabeça
Neurologistas afirmam que mesmo cefaleias corriqueiras devem ser avaliadas por um médico
| ASSESSORIA
A dor de cabeça – cefaleia – é um evento comum na vida da maioria das pessoas e todos os casos devem ser avaliados, mas é preciso ficar atento, pois há alguns sinais que indicam a necessidade de tratamento. Esse é o alerta de especialistas de hospitais universitários federais, vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Eles explicaram quais são os tipos de cefaleia, as ocorrências mais comuns, os estudos que estão sendo feitos sobre o assunto, as linhas de tratamento em suas unidades e quais são os principais sinais de alarme.
“Ter cefaleia constante aumenta os riscos de outros problemas como AVC, demência, dificuldade de concentração e piora da memória”, disse a professora de Neurologia e responsável pelo Ambulatório de Cefaleia do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, da Universidade Federal do Espírito Santo (Hucam-Ufes/Ebserh), Jovana Gobbi Marchesi Ciríaco. Ela coordena uma pesquisa com residentes e estudantes relacionando os hábitos de vida e sua influência na enxaqueca.
A médica explicou que 19 de maio é o Dia Nacional de Combate à Cefaleia e a Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe) realiza uma campanha anual, o Maio Bordô. Este ano o tema é “3 é demais”, indicando que três ocorrências de dor de cabeça por mês, por mais de três meses, é sinal de que é preciso procurar fazer o diagnóstico correto e tratamento. Há, ainda, outros sinais de alarme – ou red flags – que indicam a necessidade de buscar a Unidade Básica de Saúde (UBS), para um possível encaminhamento a serviços especializados.
Médicos alertam contra automedicação
A neurologista e neurofisiologista do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD/Ebserh), Bianca Morais, apontou algumas red flags. “Cefaleia nova em paciente com mais de 50 anos, pior cefaleia da vida, cefaleia associada a algum déficit neurológico (fraqueza, dormência, alterações na visão, dificuldade de fala, perda de coordenação); cefaleia que acorda o paciente durante o sono, quando há mudança no padrão da cefaleia, cefaleias desencadeadas por esforço físico, quando a cefaleia ocorre em paciente imunodeprimido e quando estiver associada a febre, por exemplo”.
Apesar disso, ela alertou que mesmo as cefaleias mais corriqueiras devem ser avaliadas por um médico, para orientação quanto ao tratamento e encaminhamento para um especialista se necessário. “Caso apresente algum dos sinais de alerta descritos anteriormente, a procura deve ser o mais rápido possível”.
Segundo os neurologistas, soluções caseiras e automedicamento devem ser descartados, sob risco de não atingir a causa do problema e agravar o quadro. “Dores de cabeça frequentes podem levar o paciente a fazer uso abusivo de medicações analgésicas, com risco de evolução para cefaleia crônica diária por abuso medicamentoso”, avisou Bianca.
Da mesma maneira, os especialistas evitam dar dicas para tratar a cefaleia sem avaliação médica, mas são unânimes em recomendar alguns hábitos e atitudes que podem ajudar no caso das cefaleias primárias. Entre elas, estão: ter uma alimentação balanceada e leve, boa higiene do sono, manejo do estresse, abstenção de tabaco e álcool e evitar abuso de cafeína e analgésicos
Mudança de padrão deve ser observada
A neurologista do Núcleo de Neurociências do Centro de Referência de Parkinson e Transtornos de Movimento (CerMov) do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG/Ebserh), Aracelle Victor do Carmo Faria, acrescentou: “A partir do momento que essa dor se torna crônica (mais de 15 dias de dor por mês por pelo menos três meses consecutivos), esse indivíduo precisará de tratamentos específicos a fim de controlar as crises de dor, devendo ser acompanhado por um neurologista”.
Segundo ela, os fatores que desencadeiam a dor de cabeça variam, já que existem diferentes tipos de cefaleia, mas alguns hábitos influenciam, como alimentação inadequada, privação de sono e abuso de cafeína. As mulheres são mais propensas a ter e 95% das pessoas têm pelo menos uma ocorrência de cefaleia na vida, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Dor pode ser sintoma ou doença
O neurologista Francisco Dias, coordenador dos ambulatórios de Cefaleia e Doenças Cerebrovasculares do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC/Ebserh), explicou que a cefaleia pode ser uma doença ou um sintoma. Por isso, é preciso estar atento aos sinais de alarme, para que o médico identifique o tipo de cefaleia e encaminhe o tratamento adequado.
“A cefaleia é secundária quando é sintoma de uma doença, que pode ser, por exemplo, um tumor na cabeça, uma sinusite ou alguma infecção, como meningite. É primária quando a cefaleia é a própria doença, sendo que a enxaqueca seria o exemplo mais clássico”, disse.
Ele acrescentou que as cefaleias persistentes são um dos sinais de alarme, e é preciso prestar atenção a alterações súbitas. “Uma dor muito forte, que a pessoa nunca sentiu na vida, deve ser motivo de procurar um médico. Outra situação é quando a pessoa tem alteração da consciência junto com a dor, ou seja, se desmaiou, ou teve um quadro de sonolência. Se algum sinal de alerta estiver presente, essa pessoa precisa procurar o atendimento médico”, avisou o médico do HU-UFSC.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, istra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh
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